19.6.11

O ponto de partida...

Ao longo do seu livro Educating the Reflective Practitioner, o autor, Donald Schön, faz uma crítica da racionalidade técnica/instrumental como um dos fundamentos do saber profissional. Esta racionalidade pode ser encarada como uma “epistemologia positivista da prática”. Este tipo de razão prática encara as formas de acção (enquanto conjugação de diferentes factores) como variáveis que podem ser controladas.
O autor pretende reflectir sobre as articulações dos conceitos da educação profissional prevalecentes (o currículo normativo – com a articulação ‘ciência básica’, ‘ciência aplicada’, ‘competências técnica da prática quotidiana’) e a existência de zonas indeterminadas da prática (complexas, instáveis, incertas e conflituais). Na sua conceptualização, Schön pretende desenvolver uma nova perspectiva da articulação entre a competência prática e o saber profissional.

Desta forma o autor pretende analisar como é que os profissionais constroem e modificam o seu reportório de competências profissionais e parte da premissa de que aqueles que pensarem cuidadosamente na sua prática poderão criativamente adaptar a sua prática a novas situações.


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A reflexão e a acção

Um dos aspectos fundamentais desta obra consiste na distinção entre dois tipos de reflexão na sua articulação com a acção:
- "Reflexão na acção" (entendida como a capacidade do profissional pensar no que está a fazer enquanto o está a fazer. Implica olhar para as nossas experiências, implicar os nossos sentimentos e considerar as nossas teorias em uso.)
- "Reflexão sobre a acção" (entendida como a reflexão após o evento. É tomada conscientemente e frequentemente documentada. Implica a consciencialização do conhecimento tácito e a reconstrução mental retrospectiva com a finalidade de analisar e eventualmente alterar a prática). (Ver também: phronesis)

Esta atitude implica também uma meta-reflexão (reflexão sobre a reflexão na acção):
"A reflexão sobre a reflexão na acção é aquela que ajuda o profissional a progredir no seu desenvolvimento e a construir a sua forma pessoal de conhecer. Trata-se de olhar retrospectivamente para a acção e reflectir sobre o momento da reflexão na acção, isto é, sobre o que aconteceu, o que o profissional observou, que significado atribui e que outros significados pode atribuir ao que aconteceu. É a reflexão orientada para a acção futura, é uma reflexão proactiva, que tem lugar quando se revisitam os contextos políticos, sociais, culturais e pessoais em que ocorreu, ajudando a compreender novos problemas, a descobrir soluções e a orientar acções futuras". (Isolina Oliveira e Lurdes Serrazina)

Fluxograma

Diana Laufenberg: Como aprender? Com os erros.


Um pequeno exemplo das potencialidades da capacidade reflexiva suscitada por diferentes experiências e práticas de ensino.

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Diane Laufenberg | Sítio | Blogue | Escola: Science Leadership Academy

Fontes intrapessoais do comportamento do professor


Fred Korthagen, neste modelo, chama a atenção para ter em consideração as fontes intrapessoais do comportamento do professor: estas fontes podem ser racionais, não racionais, conscientes e inconscientes. Durante muito tempo, só se tiveram em conta as fontes racionais e inconscientes, mas as outras fontes também são importantes na determinação do comportamento dos profissionais.

Adaptado de:
Korthagen, F. (2009). A prática, a teoria e a pessoa na aprendizagem profissional ao longo da vida. In: FLORES, M e SIMÃO, A. (orgs.). Aprendizagem e desenvolvimento profissional de professores: contextos e perspectivas. Mangualde: Edições Pedagogo. pp 39-60.
Artigo: Korthagen_A Pratica, A Teoria e a Pessoa

17.6.11

Modelo ALACT de Reflexão


Saber mais >>> Reflexão: a articulação da Teoria e da Prática (fundamentações teóricas)

Modelo da Cebola: um modelo de níveis de reflexão


Através deste modelo, Korthagen ilustra uma forma de aprender de forma reflexiva sobre a práctica profissional. É importante para os profissionais “tomarem consciência das suas qualidades nucleares de modo a serem capazes de as usar de uma forma mais intencional e sistemática”.

Reinventar a profissão docente: novas exigências e cenários

Uma conferência de Fred Korthagen, professor de Educação da Universidade de Utrecht, nos Países Baixos. O seu interesse principal em termos de investigação é o desenvolvimento profissional dos professores e o papel que a formação dos professores tem nesse desenvolvimento.

Ver:
Conferência de F. Korthagen (vídeo), para o I Congresso Internacional - reinventar la profesión docente (Univ. de Málaga - 8-10 de Novembro, 2010).

Artigos científicos

Alguns artigos para aprofundar o pensamento de Fred Korthagen (e de outros investigadores):

Possibilidades e limites do (auto)conhecimento - Edgar Morin

"Não há conhecimento «espelho» do mundo objectivo. O conhecimento é sempre tradução e construção. Resulta daí que todas as observações e todas as concepções devem incluir o conhecimento do observador-conceptualizador. Não ao conhecimento sem autoconhecimento.
Todo o conhecimento supõe ao mesmo tempo separação e comunicação. Assim, as possibilidades e os limites do conhecimento relevam do mesmo princípio: o que permite o nosso conhecimento limita o nosso conhecimento, e o que limita o nosso conhecimento permite o nosso conhecimento.
O conhecimento do conhecimento permite reconhecer as origens da incerteza do conhecimento e os limites da lógica dedutiva-identitária. O aparecimento de contradições e de antinomias num desenvolvimento racional assinala-nos os estratos profundos do real."

Edgar Morin, in 'Meus Demônios' (artigo sobre a obra)

Interlúdio: GY!BE Time Lapse

Para quê os diários de práticas?

"Ultimamente generalizou-se um slogan entre os profissionais da educação, que a modo de princípio se repete aqui e ali: Temos que reflectir sobre a prática. Mas o que significa reflectir sobre a prática? Na perspectiva que adoptamos, reflectir sobre a prática implica não só descrever o que fazemos para partilhar publicamente (fundamentalmente com outros colegas), mas também a possibilidade de partilhar abordagens que nos ajudem a ensaiar novas formas, novas ideias, para voltarmos a descrever o que fazemos e analisar conjuntamente os resultados. Ou seja, que qualquer estratégia baseada na reflexão sobre a prática deveria contemplar, pelo menos:

a) A possibilidade de descrever o que faço, para que os outros o conheçam.
b) A possibilidade de analisar e discutir as abordagens que sustentam o que faço, as ideias, os critérios, as razões últimas das minhas decisões.
c) A possibilidade de conhecer e ensaiar novas abordagens e novas ideias, na medida do possível compartilhadas com outros colegas (companheiros de centro, de ciclo, de seminário…)"

Diário de práticas: ficha exemplo

Diários de práticas: artigo

Um artigo sobre os Diários de Práticas, uma ferramenta que, como o título indica, pode ser utilizada como uma estratégia de formação docente.
Este artigo foi editado na Revista Acción Pedagógica, do Gabinete de Asistencia Psicopedagógica del Departamento de Orientación y Psicología de la Universidad de Los Andes, Táchira, Venezuela.

Los diarios de práticas: una estratégia de reflexión en la formación docente

Páginas de um diário






Páginas do diário do fotógrafo
Peter Beard
> Livro digital da Taschen

Portefólios: definições

Uma definição geral:

Dicionário on-line Priberam >
portefólio |(inglês portfolio) |s. m.


1. Conjunto de material gráfico utilizado em apresentações.
2. Conjunto de trabalhos ou de fotografias de trabalho de um profissional das artes.
3. Dossiê ou documento com o registo individual de habilitações ou de experiências.
4. Pasta ou cartão duplo para guardar papéis. = dossiê, porta-fólio


No âmbito da Educação:
Ferramenta pedagógica entendida como uma colecção organizada e planeada de trabalhos produzidos pelo aprendente (aluno/formando/profissional), ao longo de um determinado período de tempo, de forma a poder proporcionar uma visão alargada e detalhada da aprendizagem efectuada bem como das diferentes componentes do seu desenvolvimento cognitivo, metacognitivo e afectivo.

Portefólios: características

O portefólio, como recurso educativo, pode integrar diversas estratégias reflexivas, nele podem ser incluídas: “imagens, fotografias, vídeos, fichas, textos de autor, textos de imprensa, metáforas e analogias, …, ou, dito de outro modo, tudo o que se revelar ajustado e relevante na facilitação da compreensão dos processos subjacentes à construção do conhecimento.”(1) 
Este instrumento poderá revelar-se como uma prática educacional e avaliativa de carácter emancipatório e pretende constituir-se como uma “narrativa de cariz reflexivo, que dá voz à pessoa do aluno que aprende, na medida da sua auto-implicação no processo e na complexa e múltipla interacção, que a relação entre aprender e ensinar pressupõem.” (2)

Segundo Isabel Alarcão e José Tavares, são oito as características de um portefólio: “coerência, pessoalidade, significado, reflexão experiencial, documentação, selectividade, continuidade, contextualização no tempo e nas circunstâncias.” (3)

Ver mais >>>
(1) e (2) - Entrevista com Isabel Sá-Chaves, Discutindo sobre portfólios nos processos de formação, Revista Olhar do Professor, ano/vol. 7, nº 002. Ponta Grossa, Brasil.
(3) - ALARCÃO, Isabel; TAVARES, José. (1999). Portfólio docente e qualidade de ensino. I Simposium Iberoamericano de didáctica universitaria. La calidad de la docência en la Universidade de Santiago de Compostela. Dezembro de 1999.


Ver também >>>SÁ-CHAVES, Idália (org.). (2005). Os portfólios reflexivos (também) trazem gente dentro. Reflexões em torno do seu uso na humanização dos processos educativos. Porto: Porto Editora.

Vantagens e desvantagens dos portefólios reflexivos

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Os profissionais: técnicos e reflexivos

Uma das diferenças entre o profissional-técnico (executor de tarefas) e o profissional-reflexivo resulta da capacidade deste reflectir sobre a sua própria actuação em tempo real, de modo a melhor resolver a situação/problema, demonstrando ser capaz de flexibilizar procedimentos. Esta reflexão de e na prática, através da interpretação e do questionamento, produzirá mudanças qualitativas de actuação, permitindo ter uma “visão caleidoscópica” do mundo e do seu desempenho.

Citando Maria Schenkel:
"Mas como o caminho tem de ser feito caminhando, aos poucos cada um foi encontrando a sua direcção, e através desta descoberta foram-se descobrindo a si mesmos.”

E-portefólios: como fazer

Como fazer um e-portefólio.


Ver também>>>

Artigos:
O portfólio reflexivo: pareceres dos estudantes de enfermagem | Revista Iberoamericana de Educación

Dissertação:

Actas:

Desenvolvimento dos ePortefólios

Learning by doing, not by listening!

Um vídeo muito interessante, inserido na campanha Ericsson 2020 Shaping Ideas, que aborda a superação de alguns paradigmas vigentes com novas abordagens da aprendizagem.



JP Rangaswami é presidente da School of Everything.

Reflexão e aprendizagem: benefícios da prática reflexiva

Das actividades do grupo e da interacção entre pares, ressaltaram conceitos como: participação, facilitação, cooperação e partilha, sem dúvida, promotoras de competências sociais e interpessoais, que, por sua vez, favoreceram uma aprendizagem flexível e reflexiva, isto é, resultante de diferentes perspectivas sobre determinado assunto e da síntese e processamento individual de significados construídos cooperativamente. Por fim, discutimos a melhor forma de apresentar o nosso trabalho: atentámos em como explanar os nossos pontos de vista e demonstrar as nossas aprendizagens, aos nossos colegas/ouvintes. Assim, deparamo-nos com os problemas: Como exemplificar os métodos, por nós analisados, próprios desta metodologia: Diário de Práticas e Portfólio? Como fazê-lo de forma que os nossos colegas tomassem conhecimento e tivessem acesso às mesmas ferramentas de trabalho que nós? E, ainda, pudessem conhecer e explorar esses documentos, sem nos obrigarem a gastos adicionais e à criação de documentos reais? Face a este novo desafio e aproveitando-nos dos conhecimentos e competências de um dos elementos do grupo, o Miguel, propusemos-nos criar um blog, onde, durante a sessão de apresentação, tivéssemos acesso à informação compilada e nos permitisse fazer hiperligações a outros documentos e, sobretudo, que pudéssemos disponibilizar à turma (e ao público em geral), no tempo e quando melhor lhes servisse.

Glória Oliveira

Métodos de trabalho


Escolhido o tema, começamos a delinear formas de levar a cabo o trabalho. Primeiro que tudo, revelava-se necessário proceder a leituras; inicialmente, a referência bibliográfica sugerida pelo professor (Donald Schön, “La formacion de professionales reflexivos”) e, posteriormente, a outras fontes de análise fruto de pesquisas várias. É de ressalvar a importância de se efectuar uma leitura analítica de todas as fontes, não só de textos escritos, como outros documentos (filmes, imagens, etc.), como também da nossa própria prática social e profissional. A distribuição do trabalho foi feita tendo em conta as competências de língua (Inglês e Castelhano), os interesses individuais (investimento para investigação) e a proximidade ou habilidade com os assuntos por parte dos membros do grupo. Como a disponibilidade de tempo para reunir presencialmente era escassa, este trabalho exploratório/introdutório foi feito individualmente; contudo, houve sempre troca de materiais e opiniões, pedidos de esclarecimento, discussão de pontos de vista (entre os membros e também relativamente ao que os autores propunham). Depois de todos os elementos obterem, primeiro, uma visão geral do tema e, posteriormente, uma mais focalizada em aspectos que todos considerámos estruturantes do trabalho que estávamos a construir, as reuniões foram esclarecedoras e profícuas, revelaram-se verdadeiros momentos de reflexão colectiva e colaborativa.

Glória Oliveira

O grupo e o tema de trabalho

O grupo de trabalho tem-se mantido quase o mesmo desde a primeira hora: ao trio inicial, juntou-se a Andreia, uma “resistente independente”. A relação entre todos tem vindo a estreitar-se com o contacto quer nos breves momentos de lazer, quer nas sessões de trabalho para os diversos desafios das diferentes Unidades Curriculares (UC).
Relativamente a esta UC, quando nos foram propostas as Metodologias de Educação a serem trabalhadas em grupo, optamos pela Formação Reflexiva de Profissionais. Esta escolha deveu-se a razões de continuidade e rentabilidade, pois para a UC de Sociologia Não-Escolar, 1º semestre, desenvolvemos o tema: “Condições de profissionalização no campo da Educação de Adultos - Os perfis profissionais nos Centros Novas Oportunidades”. Além disso, tal como foi sugerido pelo docente, os grupos deveriam procurar estudar metodologias com as quais não estivessem familiarizados; assim, como fuga a um dos temas propostos: os CNO’s (o Miguel é profissional de RVC, eu sou Técnica de Diagnóstico e Encaminhamento), escolhemos o tema enunciado. Também, em virtude do conhecimento recíproco dos elementos e dos interesses futuros de cada um, achámos que se coadunaria a uma área de conveniência comum.

Glória Oliveira